na boca
o corpo
todo
que a mão
dirige
para engolir
o mundo
na boca
o corpo
todo
que a mão
dirige
para engolir
o mundo
o gesto
faz-se
gesta
.
no corpo
habita
a liberdade
o pé
ferido
à mercê
de uma garra
carnívora
e voraz
.
o corpo
numa derrota
súbita
a esvair-se
como sangue
latejado
.
e o suor
a alastrar
entre pregas
arrombadas
e doridas
de tesão
.
(o sexo
é sempre
dos anjos)
arqueia-se
o tronco
para fagocitar
os testículos
no côncavo
das omoplatas
e o pénis
enlouquece
como agulha
de bússola
desnorteada
desabámos nós
um sobre
o outro
com um pénis
tumefacto
entalado
entre os
dois ventres
assim
me quero
farrapo
embebido
em suor
e sémen
à mercê
da avidez
em bruto
dos desejos
enraivecidos
pela privação
na ânsia
de que
se renove
a dissolução
do corpo
numa maré
de fluidos
entre a dor
do esfíncter
arrombado
e a fragrância
das rosas
em botão
bem-vindo
estrangeiro
.
este orifício
é a porta
do paraíso
.
nele
encontrarás
o sol
das quatro
estações
e o luar
de janeiro
em flor
.
bem-vindo
estrangeiro
.
a minha
casa
é a tua